Da África para o Brasil, de Orixá a Egum: as ressignificações de Exu na literatura umbandista
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Data
2022
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Editor
Editora UFG
Resumo
Descrição
Exu é o personagem mais popular das religiões afro-brasileiras. Originário
da cultura iorubana, o orixá, o Espírito da Natureza, foi ganhando
contornos camaleônicos por esses brasis afora. Ao roçar o caudal
de culturas (ameríndias, africanas e europeias) que se encontraram na
“Terra de Santa Cruz”, essa potente força da natureza foi passando por
metamorfoses dentro do culto aos orixás até se tornar uma entidade eminentemente
brasileira.
Atualmente temos a presença de Exu e seus congêneres, Lebá, Aluvaia,
entre outras nomenclaturas, nas diversas nações de candomblé do
Brasil. Mas a resultante desse encontro é um personagem original, mais
próximo da pessoa humana. Exu ficou entre Deus e o Diabo na Terra de
Santa Cruz, personificando o que de mais humano há entre esses personagens
do cristianismo. Entender Exu é entender a tríade Deus, Diabo e
humano. Nada mais humano, à semelhança de Deus e, com certeza, do
Diabo, que o personagem Exu.
Objeto de disputas interpretativas, aceitações e negações, Exu é o
elo que une a diversidade religiosa no campo afro-brasileiro. Seu poder
advém do deus africano, mensageiro dos orixás, mas também, e de forma
significativa, da atribuição demoníaca que a ele foi dada. A princípio,
como uma forma de etnocentrismo e, por consequência, de desqualificação
do outro, os europeus identificaram Exu com o Diabo cristão. Essa
identificação trouxe como herança a força que o Diabo possuía na cultura
judaico-cristã europeia. O Deus caído, mas detentor de um importante
papel e poder no panteão judeu-cristão. Nas umbandas, que têm por tradição sacralizar os grupos marginais
brasileiros, Exu se transformou no mais poderoso deus desse panteão. Ser
o espelho das pessoas humanas, frase utilizada para explicar esse personagem
em muitas casas religiosas, simboliza bem a humanidade dele.
Foi sobre essa temática que o jovem intelectual Léo Carrer Nogueira
se debruçou. Entrou no xirê (roda dos orixás) da cultura brasileira e
bailou por uma longa noite buscando o ritmo do tempo ou das diversas
temporalidades que confeccionam esse Exu brasileiro. De muitas faces,
antropofágico, temido e amado, odiado e querido; um ser plural.
Da África, o autor cruzou a passarela atlântica inserindo novos personagens
a essa dança. Ao desembarcar nos palcos americanos, o regente
Léo Carrer já trazia em sua narrativa, como parceiro de dança, o europeu.
Ao som do maracá, bailou com a pajelança indígena. Entre aproximações
e afastamentos, esta obra narra diversas possibilidades de explicar
muito além do Exu, ou das diversas cabeças dessa medusa dos trópicos.
Em suas entrelinhas, ela fala do ser brasileiro. Com um senso refinado de
abordagem histórica, “sem perder a ternura jamais”, o jovem maestro
convida diversas temporalidades e localidades, interpretações e crenças
para que juntas, como numa orquestra, possam tentar explicar essa sinfonia/
cultura que é a absurda potência de Exu no imaginário brasileiro.
Convido todos a se unirem ao autor e se dirigirem ao salão para saborear
essa análise recheada de notas afinadas com o mais puro diálogo acadêmico,
mas sem perder o passo nem o compasso da batida dos tambores.
Laroyê Exu! Salve o Povo da Rua! (Texto escrito por Mario Teixeira de Sá Júnior ).
Palavras-chave
Povo africano, Umbanda, Cultos afro-brasileiros, Exu, Orixá, Candomblé, Iorubá
Citação
NOGUEIRA, Léo Carrer. Da África para o Brasil, de Orixá a Egum: as ressignificações de Exu na literatura umbandista. Goiânia: Editora UFG, 2022. E-book. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/handle/ri/21557. Acesso em: 03 nov. 2022.