Ensino Remoto Emergencial e vulnerabiliade discente na UFG

Resumo

Descrição

O Observatório do Estado Social Brasileiro (UFG, UEG e IF Goiano), juntamente com o Observatório do Mundo do Trabalho (IFG), entregam, nessa publicação, um importante retrato das condições estudantis no contexto do Ensino Emergencial Remoto, com base nas experiências do Instituto Federal de Goiás (IFG), da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Universidade Estadual de Goiás (UEG). A preocupação central desse esforço institucional conjunto de pesquisa é a de demonstrar o impacto do Ensino Emergencial Remoto, considerando as circunstâncias que agravam a vulnerabilidade social no Brasil e o contexto de vida dos estudantes, a sua realidade acadêmica, domiciliar, familiar, de trabalho e renda, em meio a uma crise econômica e de saúde pública, com a pandemia da COVID 19. O compromisso dessa publicação vincula-se à defesa do direito à educação, trazendo à tona o contexto social que ameaça a permanência e o vínculo dos estudantes com a UEG, UFG e IFG, durante a pandemia e para além dela, considerando as mudanças ocorridas em todas as dimensões, as quais poderão aprofundar, a passos largos, os fenômenos da evasão e da retenção no sistema de educação do país. Dentre as mudanças registradas, destacam-se aquelas relacionadas às necessidades imediatas de sobrevivência, ameaçadas pelo crescimento do desemprego, da informalidade, com piora da renda média das famílias, além do retorno da inflação que afeta, principalmente, os trabalhadores de mais baixa renda. A situação de baixa renda da maioria dos estudantes das instituições públicas de educação é uma realidade no país. Nas Universidades Federais esse índice, antes da pandemia, já ultrapassa 70%. A última pesquisa nacional sobre o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes das Instituições Federais de Educação, realizada pela ANDIFES em 2018, elucida a dura realidade vivida por esses estudantes. Em média, no país, com algumas variações regionais, temos 1 de cada 4 estudantes de nossas instituições que vem de famílias com renda per capita de até 0,5 salário-mínimo mensal, A, outros 2 em cada 4 estudantes vem de famílias com renda per capita mensal de até 1,5 saláriomínimo. Dessa forma, temos cerca de setenta e cinco por cento de nossa população estudantil que se enquadra no público-alvo da assistência estudantil, considerando o estabelecido no Decreto 7.234, de 19/07/2010, que institui o PNAES (Programa Nacional de Assistência Estudantil). É de amplo conhecimento que os indicadores sociais do País foram extremamente agravados com o contexto de pandemia da COVID-19, somado ao progressivo desmonte do seu Estado Social. Um marco desse desmonte é o desfinanciamento crescente, sob o imperativo da Emenda Constitucional 95, a qual congela o gasto público com políticas sociais por 20 anos, deixando os serviços essenciais cada vez mais precários e aquém da necessidade da população. Todo esse contexto afeta sobremaneira a situação socioeconômico das famílias brasileiras, especialmente aquelas dos estratos inferiores de renda, o que inclui a maioria dos estudantes brasileiros, agravando drasticamente as suas condições de permanência e êxito acadêmico, pois muitos se veem obrigados a contribuir, cada dia mais, no seu sustento e de seus familiares. Desse modo, essa pesquisa, que ora se torna pública, traz de forma clara e objetiva, a partir de uma amostra muito representativa de nossa população estudantil, as dificuldades pelas quais passaram, passam e irão passar os estudantes no acompanhamento das atividades acadêmicas, sejam elas remotas, presenciais ou híbridas. Essas dificuldades são expressas das mais diferentes formas, seja no ambiente domiciliar para o acompanhamento das aulas remotas, seja nas condições de retorno para as aulas presenciais, o que supõe deslocamento, seja na conciliação de trabalho e estudos, na manutenção de necessidades como moradia, alimentação, aquisição de materiais didático e, ainda, na preservação da saúde física e mental de cada um. Essa pesquisa também evidencia a urgência em reverter medidas que restringem o Estado Social brasileiro e comprova ser fundamental investir para assegurar as condições de pleno funcionamento das instituições de educação, de modo que os jovens brasileiros tenham êxito em seu curso e possam ter profissão, trabalho e futuro dignos. A perspectiva da inclusão pela educação, capaz de enfrentar a lógica que amplia múltiplas vulnerabilidades sociais e humanas, exige um projeto de sociedade que priorize e financie o sistema federal público de educação como alavanca para o desenvolvimento e mobilidade social. A democratização de acesso à riqueza socialmente construída requer a garantia de serviços públicos qualificados, o direito ao conhecimento crítico, à liberdade e ao bem-estar de todos e de cada um. Por isso, parabenizo o esforço desse trabalho conjunto, de dois importantes observatórios de pesquisa, de instituições públicas de educação, cujo resultado, certamente, alimentará a luta daqueles que se somam para que o país ponha fim à existência das suas inaceitáveis iniquidades socioeconômicas. (Texto escrito por Edward Madureira Brasil)

Palavras-chave

Pandemia, Vulnerabilidade discente, Ensino remoto emergencial

Citação

ARRAIS, Tadeu Alencar et al. Ensino Remoto Emergencial e vulnerabiliade discente na UFG. Goiânia, 2022. E-book (86 p.). Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/handle/ri/20201. Acesso em: 20 jan 2022.